O papel das mulheres na transformação da experiência do cliente e no mundo dos negócios
No cenário corporativo e no ecossistema empreendedor, as mulheres desempenham um papel fundamental na construção de experiências mais humanizadas, inovadoras e sustentáveis.
Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, para falar sobre o impacto feminino na transformação da experiência do cliente e nos desafios enfrentados pelas mulheres no mundo dos negócios, a ABRAREC conversou com Ana Fontes, empreendedora social e fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME).
Referência no apoio ao empreendedorismo feminino e na luta por equidade de gênero, Ana acumula reconhecimentos e premiações nacionais e internacionais.
Confira a entrevista na íntegra:
1) Ana, como você enxerga o papel das mulheres na transformação da experiência do cliente e no relacionamento das empresas com a sociedade?
“As mulheres têm um papel fundamental na transformação da experiência do cliente e no relacionamento das empresas com a sociedade. Elas trazem uma abordagem mais humanizada, empática e colaborativa para os negócios, priorizando conexões autênticas e experiências que realmente fazem a diferença na vida das pessoas.
Essa visão se reflete no modo como lideram equipes, constroem marcas e estabelecem parcerias, sempre com um olhar atento à diversidade e à inclusão.
Além disso, as mulheres empreendedoras e líderes têm sido protagonistas na criação de negócios inovadores, que atendem às necessidades de públicos historicamente negligenciados, impulsionando uma economia mais sustentável e equitativa.”
2) O que falta para termos mais mulheres ocupando cargos de liderança em grandes empresas e na governança corporativa?
“Apesar dos avanços, ainda há barreiras estruturais que dificultam a ascensão das mulheres a cargos de liderança.
O primeiro grande desafio é o viés inconsciente, que faz com que as mulheres sejam constantemente questionadas sobre suas capacidades e enfrentam critérios mais rígidos para promoções.
Outro ponto é a falta de redes de apoio e de programas eficazes de mentoria e aceleração de carreira para mulheres.
Além disso, muitas enfrentam dificuldades em equilibrar vida pessoal e profissional, já que o ambiente corporativo ainda não oferece políticas robustas de flexibilidade, licença parental igualitária e apoio à maternidade.
Para mudar esse cenário, é essencial que as empresas assumam compromissos reais com a equidade de gênero, adotem medidas concretas para desenvolver lideranças femininas e garantam representatividade em seus conselhos e comitês decisórios.”
3) Como você vê, nesse universo de novas empreendedoras, a questão do relacionamento com clientes?
O relacionamento com clientes é um dos grandes diferenciais das empreendedoras. Muitas mulheres criam negócios a partir de necessidades reais que vivenciam ou observam em suas comunidades, o que as torna mais próximas do seu público e mais sensíveis às suas dores.
Essa conexão genuína favorece a construção de relacionamentos mais sólidos, baseados na confiança e na entrega de valor.
No entanto, um dos desafios que percebemos na Rede Mulher Empreendedora é a dificuldade de muitas empreendedoras em estruturar estratégias de fidelização e comunicação eficazes. Muitas ainda dependem exclusivamente de indicações e redes sociais, sem uma abordagem planejada de marketing e retenção de clientes.
Capacitação nessa área é fundamental para que consigam fortalecer seus negócios e crescer de forma sustentável.”
4) Quais são os principais desafios desse segmento na construção e manutenção de melhores relacionamentos com seus públicos?
“Os desafios são diversos, mas podemos destacar alguns principais:
- Marketing e visibilidade:
Muitas empreendedoras têm dificuldades em posicionar seus negócios no mercado, comunicar sua proposta de valor de forma clara e alcançar novos clientes.
A falta de conhecimento em estratégias de branding, marketing digital e precificação impacta diretamente a competitividade e o crescimento do negócio. - Fidelização e atendimento:
Criar um bom relacionamento não se trata apenas de atrair clientes, mas de garantir que eles voltem. Manter um padrão de atendimento de qualidade, construir uma experiência diferenciada e investir no pós-venda são aspectos essenciais que muitas empreendedoras ainda não priorizam. - Gestão e profissionalização:
Empreendedoras muitas vezes acumulam diversas funções e acabam deixando de lado a organização interna do negócio. Sem uma boa gestão financeira, ferramentas adequadas e processos estruturados, fica mais difícil expandir e manter um relacionamento saudável com os clientes. - Acesso à tecnologia:
A digitalização dos negócios é uma realidade, e quem não se adapta pode perder oportunidades. Muitas empreendedoras ainda enfrentam dificuldades para utilizar ferramentas tecnológicas que poderiam melhorar o relacionamento com clientes e ampliar sua presença no mercado.”
5) Como funciona o programa RME Conecta?
“O RME Conecta é um programa que tem como objetivo aproximar negócios liderados por mulheres de grandes empresas, facilitando o acesso ao mercado B2B.
Nós sabemos que uma das maiores dificuldades das empreendedoras é justamente conseguir vender para grandes corporações, seja por falta de networking, conhecimento dos processos de compra ou requisitos burocráticos.
Por meio do RME Conecta, oferecemos capacitação para que essas empreendedoras compreendam melhor o funcionamento das compras corporativas, se adequem às exigências do mercado e desenvolvam suas estratégias comerciais.
Além disso, promovemos eventos e rodadas de negócios, onde conectamos empreendedoras a potenciais compradores de grandes empresas.
O programa tem sido uma ferramenta poderosa para abrir portas e criar oportunidades reais de crescimento para negócios liderados por mulheres.”
6) Quais os principais desafios das pequenas empresas para se tornarem fornecedoras de grandes empresas?
Vender para grandes empresas pode ser um passo decisivo para o crescimento de um pequeno negócio. Porém, o caminho até lá tem desafios importantes, como:
- Burocracia e requisitos rigorosos:
Muitas grandes empresas possuem processos de homologação complexos, exigindo documentação detalhada, certificações específicas e cumprimento de normas que nem sempre são acessíveis para pequenas empreendedoras. - Capacidade de produção e escala:
Um dos maiores desafios é garantir que o negócio consiga atender demandas maiores sem comprometer a qualidade ou a sustentabilidade financeira. - Negociação e precificação:
Muitas mulheres empreendedoras enfrentam dificuldades na precificação de seus produtos e serviços, dificultando a competitividade em processos de compras corporativas. - Networking e acesso às oportunidades:
Para se tornar fornecedora de uma grande empresa, é preciso estar nos lugares certos, criar conexões e ser vista. Programas como o RME Conecta ajudam justamente nesse ponto. - Fluxo de caixa:
Muitas grandes empresas possuem prazos de pagamento extensos, o que pode inviabilizar a operação de pequenas empresas. É essencial que grandes corporações adotem políticas mais inclusivas para garantir a participação de pequenas e médias empresas em suas cadeias de fornecimento.
O impacto das mulheres no mundo dos negócios e na experiência do cliente é indiscutível. Iniciativas como a Rede Mulher Empreendedora são fundamentais para fortalecer o empreendedorismo feminino e criar um ambiente mais justo e acessível para todas.
Com ações estruturadas e políticas que incentivem a equidade, é possível construir um mercado mais inclusivo e sustentável para o futuro.
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